segunda-feira, 3 de agosto de 2015

   Perco tempo
   Com medo de perder
   Tempo

   Tempo  tempo tempo tempo
   É dinheiro?!
   É mero coordenador da máquina humana?

   Morro a cada segundo
   O tempo se esvai...
   E deixo se esvair meu tempo
   Paralisada com a incapacidade de paralisar o tempo

   Tenho medo do tempo
   Desse tempo capitalizado
   Desse tempo em que cada minuto
   É menos um minuto

   Tempo tempo tempo tempo
   Quando é que vou ter tempo
   Para o que muito
   É pouco tempo?
  Quando é que finalmente vou ter tempo
  De ter tempo pro ócio?

quarta-feira, 4 de março de 2015

Sobre questões sem gabarito, poesias, lua e o que mais você encontrar...

   Engraçado pensar que na vida tudo se aprende, mas no entanto, há coisas que não vem com manual: Amor, maternidade, primeira vez de qualquer coisa e até poesia. Felizmente a santa modernidade e a santa internet surgiram pra facilitar as coisas com certas dicas. Porém, cada momento é tão subjetivo que no final das contas continuamos a aprender "às cegas".
   Quem vem me perguntar sobre como se escreve poesia recebe a cara mais perdida do mundo como resposta. O que você quer saber? Assim, você escreve frases curtas, podem rimar, separadas em grupos de estrofes. Ora, isso não é poesia! E eu não sei bem como se escreve...
   Poderia dizer que a coisa mais importante é buscar inspiração e rechear os versinhos e estrofes com essa coisa bonita. Mas esse conselho é semelhante ao que você recebeu quando foi beijar pela primeira vez e esqueceu na hora do ato. 
  Confesso. Não sei como se escreve poesia. E tenho certeza disso quando olho para a lua e não consigo pintar verso algum. Seria o encanto demasiado que me paralisa? Por que será que é tão difícil dedicar meus versinhos para aquela coisa divina e tão fácil rimar o sorriso dele no papel? É, eu queria saber responder... 
   Quando falo de paixões o tato com as palavras é tão fácil que escrever vira um pensar gráfico. As palavras são massinhas e eu faço delas o que desejo. Mas quando moldo "Lua", quando quero dizer que a sua existência me pacifica e o seu brilho me devolve o encanto, minhas massinhas endurecem, perdem a validade. E eu me encontro novamente tal qual criança aprendendo a formar frases, perdida na variedade de palavras e objetos para as minhas orações. E novamente me sinto uma menina com medo de beijar errado. E novamente recorro à dica mais oportuna para esses tipos de questões que vem sem gabarito: Arrisco-me.


                                              Fomos feitas do mesmo pó...
                                              Porém, tu brilhas 
                                              Grande e branca no céu.
                                              Enquanto eu, 
                                              Ínfimo pedaço de matéria e luz divina,
                                              Te analiso em silêncio encantado...
                                              Te percorro as formas, a luz
                                              E a tua ausência de civilização
                                              Que me fazem entender a infinitude dos tempos,
                                              E a brevidade de meus anseios.



Para a Lua, de uma namoradora de Lua.

domingo, 3 de agosto de 2014

Crer Ser

A ninguém preciso provar nada,
Me destitui das vestes orgulhosas.
Seus olhos não são a minha alma
Tampouco meu retrato

A ninguém preciso gritar
Meu transitório contorno,
Uma vez que eu, ser mutável,
Sou parte de um todo divino.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Livro ao vento

Foi-se um livro ao vento,
As folhas soltaram,
Palavras vagaram sem direção.
Um livro ao vento,
Caiu do colo de sua fiel amante,
Para instantes de libertação.

Ah! Deus, por que este tormento?
Por que tamanha aflição?
Desde este sofrido momento,
Minha amada é só lamento!
E não sei mais o que fazer
para aliviar seu coração.

Foi-se um livro ao vento,
Por onde anda? Queria eu saber!
Queria eu encontrá-lo ao relento,
Entregá-lo à minha amada já tão cansada de sofrer!

Livro ao vento,
Suas palavras já se misturam à multidão.
Livro ao vento,
Talvez  agora só exista
No coração daquela
Em que foi romance,
Prazer, súbita paixão.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

  Seus lábios agradaram os meus, pude sentir no primeiro momento em que se tocaram. Foi como uma onda que quebra e volta pra plenitude do mar. Ah, foi assim mesmo e não encontro melhor comparação! Meus lábios andavam aflitos, andavam tentando esquecer tantas coisas que lhe ocorreram... mas beijar seus lábios... beijar seus lábios foi como boiar numa praia deserta.
  Levo ainda seus lábios nos meus. Não por paixão, nem ao menos um amor repentino, mas como certeza e lembrança de que existem belezas infindas em coisas tão pequenas...


Sobre teus lábios.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sobre perten(ser)

Tua
Na parte que te compete
 Na parte que me remeto a ti

Tua quando as bocas se tocam,
As mãos se confundem
 E os suspiros viram coro

Meu
Na parte que me compete
Na parte que te remetes a mim

Meu quando as bocas se tocam,
As mãos se confundem
E os suspiros viram coro

E além disso,
E depois disso:
Minha

E depois disso,
E além disso:
Teu

domingo, 19 de janeiro de 2014

   Tomara, que neste exato momento, esteja lhe faltando uma parte. Não quero de você tristeza ou remorso, apenas a ausência sentida desta parte, que talvez lhe fosse inútil.
    Por motivos de educação acho justo informar que também sinto falta da minha parte. E é só isso que eu desejo, a reciprocidade da ausência. Não para nos juntar novamente, imagine... aprendi a me resignar com os destinos que a vida toma... Eu só quero que ainda não se esqueça das minhas mãos que já correram o seu corpo, e da sua voz que me fazia perder o ar dos pulmões.
    Não sinto mais sua falta, sinto falta daquela antiga química escondida nos nossos sorrisos, sinto falta da sua parte boa que ficou comigo, e é só isso que eu quero de você. Que a sua boca e seu pescoço e seu corpo lembrem da minha boca, que sussurrava inúmeros desejos. Que os seus poros evidenciem a falta do meu cheiro entranhado. Porque é difícil!
     É difícil deixar você ir por inteiro... Talvez, se isso fosse recíproco, nós entraríamos num acordo silencioso de nos esquecermos. Ai seria fácil. Porque eu saberia que também está sendo difícil para você. Ou talvez tudo isso seja uma desculpa para continuarmos presos um ao outro. Porque é difícil... porque ainda é difícil.